Tectónica de Placas

Expansão dos Fundos oceânicos


Os oceanos cobrem cerca de 71% da superfície terrestre “E no entanto, até recentemente, os seres humanos ignoravam tanto os vastos oceanos e particularmente o solo oceânico como se este estivesse localizado no planeta Vénus” (em "O Universo da ciência" de Isaac Asimov).

Charles Wyrville Thompson

Charles Wyville Thompson (biólogo escocês) decidiu tentar determinar a profundidade do oceano, após comprovar que existia vida em águas profundas. Embarcou a bordo do navio Challenger, porém, este navio apenas dispunha do antiquado processo de fio de prumo (lançamento de uma corda com um peso até esta alcançar o fundo do oceano) com 6,5 quilómetros de corda, o que era um método muito trabalhoso e impreciso.
Fio de prumo










Sonar 
No início da Segunda Guerra Mundial foram desenvolvidas novas técnicas de observação do fundo oceânico face à necessidade da luta anti-submarina. Com a criação de equipamentos sonares, era possível saber qual a profundidade do oceano num determinado local pelo envio e recepção da reverberação de ondas sonoras ultrassónicas, calculando o tempo que demoraram a voltar, sabendo a que velocidade eram emitidas. A única preocupação a ter era com a possibilidade de um eco falso, ao encontrar um cardume de peixes ou outro corpo que reflectisse as ondas sonoras.



Harry Hess
Harry Hess (professsor da Universidade de Princeton, EUA), foi oficial da Marinha Norte Americana durante a Segunda Guerra Mundial e, sendo geólogo, encarregaram-no do levantamento da topografia do Oceano Pacífico (Hallam, 1976). Aos poucos, os fundos oceânicos foram mapeados e o seu relevo descoberto. A diversidade dos dados adquiridos sobre os fundos oceânicos, após a Segunda Guerra Mundial, levou Harry Hess a aproveitar o trabalho de Wegener e formular uma teoria que mais tarde foi designada de Teoria da Expansão dos Fundos Oceânicos.




Este método permitiu então cartografar o relevo do fundo oceânico muito mais detalhadamente e de uma forma mais precisa.

Exemplo de Fundo Oceânico


1 – Plataforma continental: zona ligeiramente inclinada, ainda pertencente ao continente, que geralmente não ultrapassa os 200 metros de profundidade;

2 – Talude continental: zona de transição entre o continente e o fundo oceânico, com declive mais ou menos acentuado

3 – Dorsal oceânica: enormes cadeias de montanhas submersas que, por vezes, têm uma altura tão elevada que emergem à superfície, ficando a cima do nível médio do mar (como os Açores, Ascensão e Tristão da Cunha);

4 – Planície abissal: vasta zona plana dos dois lados das dorsais, localizada à profundidade de 4000 a 5000 metros, que por vezes alberga picos isolados de vulcões submarinos, que podem atingir a superfície da água, originando ilhas vulcânicas;

5 – Rifte: fratura, vale profundo, no meio das dorsais oceânicas por onde ascende magma basáltico que origina novo fundo oceânico.

Fossas abissais: Fossa oceânica e zona de subducção


1 – Fossas oceânicas: depressões profundas em que uma porção do fundo oceânico mergulha sob outra;

2 – Zona de subducão: depressão profunda em que uma porção do fundo oceânico mergulha sob um continente.

No Rifte, fundo oceânico está em constante renovação, a nova crusta oceânica força a crusta velha, ou seja o fundo oceânico mais antigo, para as zonas de subducção, voltando à astenosfera. Explicando assim o facto da Terra não aumentar de tamanho. Com isto em mente, é fácil compreender que, quanto mais nos afastamos do rifte, a idade do fundo oceânico vai aumentando, no entanto, a crosta oceânica é sempre mais nova do que a crosta continental visto que no fundo oceânico há uma renovação constante, não existe fundo oceânico com mais de 200 milhões de anos.

Teoria da Tectónica de Placas


Segundo a teoria da Tectónica de Placas, a superfície do planeta não é uma placa imóvel, como se supunha no passado. Hoje, acredita-se que a camada superficial da Terra, a litosfera, com 50 a 150km de espessura, seja formada por um mosaico de placas que “flutuam” e derivam sobre a astenosfera menos densa e “macia” a uma taxa de alguns centímetros por ano. A esta velocidade a astenosfera tem um comportamento dúctil. (Formosinho, 2007).






A litosfera está fragmentada em sete placas principais e várias placas menores, que se movem com velocidades relativas de ordem dos centímetros por ano. Esta velocidade é importante, não só porque é reduzida, mas também porque permite que as placas se desloquem por grandes distâncias. (Carneiro, 1997).




Um dos mais importantes princípios da teoria da tectónica de placas é que cada placa move-se como uma unidade distinta em relação às outras e assentam sobre uma zona do interior da Terra, a astenosfera. Ou seja, a litosfera desliza sobre esta camada de rocha mais plástica (astenosfera), parcialmente derretida, que se comporta como uma massa pastosa sobre a qual as placas "flutuam", permitindo assim o seu deslizamento, devido a correntes de convecção. (Wyllie, 1995).



Segundo Formosinho (2007), os movimentos das placas são devidos então às correntes de convecção no manto superior.
Nas regiões onde as correntes são ascendentes, elas separam as placas e geram novo magma a partir de material do manto. Este magma arrefece e passa a formar a nova litosfera.




Onde as correntes de convecção possuem sentido descendente as placas convergem. Nestas situações, normalmente uma das placas mergulha sob a outra e é destruída no manto. A Nova litosfera é criada nas dorsais médio-oceânicas e a litosfera mais velha é deformada e consumida nas fossas abissais (zonas de subducção).


Bibliografia:
CARNEIRO, Roberto – Enciclopédia de Consulta Ativa Multimédia de Ciências da Natureza. Lexicultural, 1997.
FORMOSINHO, Sebastião – Nos Bastidores da Ciência 20 Anos Depois. Impressa de Universidade da Coimbra, 2007.
WYLLIE, P - A Terra: Nova Geologia Global. Fundação Calouste Gulbenkian: Lisboa, 1995.

Placas Tectónicas



As placas tectónicas podem incluir crusta continental ou crusta oceânica, sendo que, tipicamente, uma placa contém os dois tipos. (Formosinho, 2007).

Segundo o mesmo autor, a distinção entre crusta continental e crusta oceânica baseia-se na diferença de densidades dos materiais que constituem cada uma delas; a crusta oceânica é mais densa devido às diferentes proporções dos elementos constituintes, em particular do silício. A crusta oceânica é mais pobre em sílica.
As placas tectónicas estão em constante movimentação (deslizam sobre o magma do manto), e ao movimentarem-se, interagem de diversas maneiras. Podem portanto convergir, deslizar entre si ou divergirem (Wyllie, 1995).










No caso das placas que divergirem (limite divergente), como acontece nos fundos oceânicos, o espaço entre elas é preenchido por magma, proveniente do manto. 



Este fenómeno ocorre devido à ascensão de magma na zona de rifte, nas dorsais oceânicas, que ao solidificar afasta-se em sentidos opostos (devido à polarização).

 

No que diz respeito aos limites convergentes, as placas colidem uma com a outra ocorrendo destruição de crosta nas zonas de subducção, devido ao mergulho de uma placa sob a outra, ou a formação de cadeias montanhosas. A convergência pode ocorrer de três formas distintas, sendo elas a Convergência Oceânica-Continental, a Convergência Oceânica-Oceânica, bem como, a Convergência Continental-Continental (Formosinho, 2007).

Por fim, os limites transformantes ou conservativos correspondem a zonas definidas por duas placas que deslizam, horizontalmente, uma ao longo da outra, em sentidos opostos. Nestes limites não ocorre formação nem destruição de litosfera.


CURIOSIDADE:

As principais placas tectónicas são: Placa do Pacífico, Placa de Nazca, Placa Sul-Americana, Placa Norte-Americana, Placa da África, Placa Antártica, Placa Indo-Australiana, Placa Euroasiática Ocidental, Placa Euroasiática Oriental, Placa das Filipinas (Wyllie, 1995).



Bibliografia:
FORMOSINHO, Sebastião – Nos Bastidores da Ciência 20 Anos Depois. Impressa de Universidade da Coimbra, 2007.
WYLLIE, P - A Terra: Nova Geologia Global. Fundação Calouste Gulbenkian: Lisboa, 1995



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